Andávamos perdidos em nossas piadas e brincadeiras, que atravessam o silencio tedioso da sala de estar, um filme sangrento roda na tela quadrada e pessoas permanecem estáticas em função do sangue, risadas dispersão a atenção do filme e provoca a ira dos interessados. O orvalho que é levado pelo vento contra a vidraça da entrada principal aparente ser um vulto e nos assusta devido ao filme que nos atordoou e deixou-nos amedrontados.
Um grito de horror penetra em nossos ouvidos, pulamos para trás e pausamos estáticos. Bocas abertas com uma face de desespero permanecem abertas, o copo que estava sobre a mesa fora chutado quando o horror entra em cena, a água pára no ar. O mosquito que nos rodeava está parado sobre a tela da televisão. Os suspiros pós-susto parecem silenciosos e não causam nenhum movimento sequer, o batimento cardíaco acelerado de nossos corações causado pelas supra-renais que liberam a adrenalina em nosso sangue não causam afobamento algum e aquela pausa dramática aparenta ser eterna. O vento álgido passa pela janela aberta e toca nosso corpo, só a natureza pode se mover.
Aposto uma vida que o tempo volta a correr quando a aurora cruzar o escuro da noite e a força do calor do Sol secar o orvalho das pétalas das flores e da árvore que envolve a casa.
O Sol desperta de seu descanso e surge rompendo o filamento da desesperança, os planetas se desalinham e suas órbitas voltam a ser como eram antes. O tempo volta a passar e nós nos sucumbimos a nossos próprios olhares duvidosos e medonhos, a água que estava congelada no ar cai sobre a minha perna esquerda, o mosquito voa em direção a janela e foge de volta para o seu viver, os afobamentos são relativamente vistos nos olhos de cada um, aqueles que participaram desse literal retrato jamais se esquecerão do que aconteceu, afinal, não aconteceu nada.
26 de fevereiro de 2009
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