Dá-me uma noite, só uma noite, meia noite.
Caminhando à passos singelos, flutuo sobre as nuvens inseguro de uma queda repentina, observo os pássaros que passam abaixo de mim e seguem em direção ao Sul, os aviões e suas turbulências, a tempestade que escurece o céu com uma só nuvem, corro em direção do fim da nebulosa e escapo por pouco de seus trovões.
Em meio ao imenso azul do céu estou em uma branca nuvem, que dá para o horizonte, que dá para uma imensa tristeza, que dá para a saudade, que dá para uma melhor visão do oceano, que dá para o amor, e que encontro em meu campo visual um velho sentado, um velho de cor negra e de cabelo grisalho, com pouca barca e bigode que conversa sozinho, chego perto e ele desaparece deixando cair uma rosa e um bilhete, leio o bilhete:
“Encontrei a rosa no pé de uma montanha, amassada e sem cor. Creio que é sua.
Rosas de abril...
Este amor seu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo...
Quando voltar do mar, trará um peixe bom
Melhor que todos que trouxe,
Adeus, Adeus, pescador, não se esqueça de mim
Vou rezar a Deus, a Deus e ao mar
Pra não ter tempo ruim.
-Futuro promissor, passado maligno, presente insignificante.”
Ela escapa de minha mão e fere o ar corrompendo-se e desfazendo-se durante a queda, são milhas de queda, são milhas para o esquecimento. Despedaça-se no mar.
Rosas de outono.
12 de março de 2009
Caminho ancião II
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