Também há um armário, semelhante à torre de piza, inclinado como um velho carregador de sacos de feijão aposentado, o armário ocupa boa parte da pouca área que resta da passagem. Com quilos e mais quilos de livros impostos à força o armário permanece estável e vasto de lembranças adoráveis dos brinquedos que guardava em seu interior empoeirado e sinistro, como o crânio fictício que vive largado no alto de teu frágil corpo amadeirado.
Cheguei ávido, acelerado, e me deparei a um silêncio intenso e agradável que soava no corredor alérgico de limpeza. E tudo era o pretexto da inigualável dor que seguia naquele episódio, tudo era fato para averiguar se meu pé macio era mergulhado em algum tipo de metal resistente.
Já ofegante, perdi o equilíbrio nós pés da penteadeira e logo mais o encontrei nos braços do estorvo que era o armário, e devido a leve descontração, meu corpo ainda não havia encontrado o real repouso e seguia em frente desenfreado até o outro extremo no armário, quando num opaco som de madeira fina minha raiz nervosa dorsal transpassava veloz a mensagem enviada pelos nervos aos músculos que completariam o arco reflexo.
O universo que girava silencioso, agora é conduzido pela voz que pressupõe maldições sobre o encontro dos meus pés com os do mortífero armário empoeirado.
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