25 de agosto de 2009

Peso morto



Nem a cor das luminosas plantas da minha imaginação ou os discos que um dia ouvi, tem a presença do silêncio que tanto falta. Nem o topo nebuloso de um pico e nem o extremo fundo do oceano gelado tem o mistério que um dia teve. Nem o doce pleno dos lábios morenos apaixonados ou o mel colhido artesanalmente, transmitem o sabor que não mais existe. Nem a nudez ou o céu azul, a maçã ou o pêssego, o colar de ouro ou a pedra preciosa.

E tudo vive um redor isolado, tudo cheira um cheiro entupido, tudo confia na inocência mansa, tudo copia o que já foi copiado. E eu, declaro sem motivo algum a ausência de nada, declaro o pacato que transborda aí a fora. Apenas me falta faltar algo, para que a falta esvazie meu peito de companheiro.

Quero mudar o mundo. Quero dominar a arte que me foi imposta. Quero ajudar alguém que como eu, precisa de ajuda, e assim ajudar-me a completar o que quero. Quero parar de escrever asneiras sobre nada e quem sabe, escrever o que um dia de fato valerá algo.

E em verdade, meu único desejo real, meu único anseio distante... é ser válido.

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