8 de outubro de 2009

Sorria



"Não obstante ao brilho do sucesso, sorria."

Os dentes amarelados sobrepostos um ao outro, lábios esticados ao máximo, músculos faciais assim como os lábios, a falta de ar e a mão que estapeia a coxa repetidas vezes. Nada subverte nada, há uma relação organizada de amizade entre elementos do sorriso.

Repare no vento, com sua esbelta transparencia, discreto, refrescante. Também sorri. Sorri quando em repetidas vezes reconstrói florestas carregando pólen para todos os lados, reconstroi a floresta que o nefasto homem derrubara sem sorrir. As águas sorriem, nas quebras e quedas, nos lábios dos que buscam refresco e matam a sede, nos bronquios dos que se afogam. O mundo sorri quando a paz pode mudar o final.

O sorriso em suas diversas máscaras é uma canção bem sucedida, fotografa sempre o climax da felicidade, da insegurança, do medo. Quando sorrimos, é certo que passamos a ser o conteúdo inédito de uma mistura homogênea, junto ao suor frio da mão, do congestionamento ofegante de palavras, dos olhos trêmulos, dependente da espécie do sorriso.

Um sorriso retribuído é como um jogo de espelhos, e quando não retribuído também, porém sem jogo, apenas espelhos vazios e sem imagens para refletir. Um dia sorriremos apenas, e não haverá mais mistérios nem mentiras, e o olhar será trocado pelo sorriso, em todo encanto e sinceridade que há. Cada idéia é um sorriso mal formado em verdade, apaixonante e fosforescente.

- Teus lábios são tão doces, quando nos veremos novamente?
- ... - Dito. Sorrio apenas.






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