30 de janeiro de 2009

Derradeiro aborto do amor



Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho,
Tá lá no evangelho, garantem os orixás

Serás o meu amor, serás a minha paz

Mesmo sendo eu que digo o que você sabe que vai ouvir. Imagina se ao longo do tempo as vidas andem juntas, as vidas andem ligadas em todos os lugares onde formos. O teu olhar exuberante tempera o que está sem sal em mim, da cabeça aos pés faço perguntas pra saber o que é você. Preciso de uma resposta, anseio pelo andar do teu choro. Impulsos pagãos me insinuam o que devo fazer e o que não devo deixar de fazer.

Uma enxurrada de cartas de amor correm pelas minhas veias quando imagino que um dia você me envolverá, teus braços acalentam o que há de mais triste e que um dia será, controla meus pés, controla-me por inteiro.

Aquela esperança de tudo se ajeitar, pode lembrar que em mil vidas que andemos juntos carregá-la-ei em meu peito que a pouco se reconstrói, que a pouco recolhe seus pedaços lançados à milhas de distância.

O raio de luz lunática agora some, o Sol desperta em minha alma e ofusca toda a beleza do amor que há em seu remelexo de mulher.

28 de janeiro de 2009

desvario absoluto



Sensato e abusado foi o criador da humanidade, compondo-nos de forma tão harmoniosa e complexa.

Há milhões de anos o homem, não em sua forma normal pela perspectiva padrão, vem reinando e dominando tudo que lhe cabe e que não lhe cabe dominar. Desde os primórdios terrenos nossos antepassados tem atuado de forma grosseira e estúpida criando armas e ferramentas simplesmente para o seu bem e para a devastação natural. Seres insípidos como nós precisam de um motivo além de Deus para viver, por isso, nos apimentaram com o tempero da música, música essa que nos acalma, música essa que nos supre de vida quando menos queremos viver. Devolve-nos a harmonia do criador e nos assegura de que devemos agir sem pensamento devasivo. Somos incrédulos ao pensar que a música é a reflexão da benignidade e que “Os poetas como cegos podem ver na escuridão” como diz o maior compositor e poeta, Chico Buarque.

27 de janeiro de 2009

Homenagem ao poeta


Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim
Nascimento: 27 de Janeiro de 1927
Morte: 8 de dezembro de 1994

Estariamos fazendo aniversário juntos...

Inóspito da idade



Descrente desse meu êxito imutável, dou-me a liberdade de me sentir quase livre, quase livre, pois nem os pássaros de fato são completamente livres, são livres pelo nosso ponto de vista humano, não sabemos voar e eles sabem, por um motivo simples e insípido como esse os julgamos com maior grau de liberdade.

Olhares insanos salpicam sabor para a vida, ímpeto de bondade para pessoas boas em todos os sentidos, e principalmente em seu sentido mais gostoso e essencial. Nós homens somos como vinho em conserva, quanto mais velhos, mais raros, caros e saborosos.

Já embarcado na lotação da vida
Espero meu ponto chegar sem ansiedade
Cada estação que passa é perdida
E cada vez mais conheço a cidade.

26 de janeiro de 2009

fora de mim!


Sinto-me flutuante e desprevenido, invisível e incapaz de ser tocado por algo ou alguém. Levanto e não sinto meus pés tocarem ao chão, abro os olhos e vejo meu corpo estirado no colchão, fico em pânico e descrente do que está acontecendo, tento coçar os olhos, quando mal consigo tocar minha própria face. Vejo minha mãe saindo de seu quarto e vindo ao meu encontro, tento trocar palavras com ela, passo-me despercebido, vejo-a clamando pra que o eu-sem-mim que está esticado no colchão acorde. Para espanto e desespero meu, ele acorda,e acorda como eu acordaria, acho estranho, mesmo ele sendo eu. Persigo-o e o vejo tomar ônibus.

Incrédulo de que aquilo estava acontecendo, jurava estar sonhando, na realidade ansiava por estar sonhando, mais já sabia que não estava, ou, imaginava. Vejo-o chegando à escola, e vejo amigos que não via há um tempo, como queria estar naquele tal eu-sem-mim para abraçá-los e dizer como sentia falta. Impossibilitado disso, sou obrigado a simplesmente persegui-lo e ver se não faria nenhuma bobeira. Tempo que persegui a mim mesmo percebi o quanto cometemos bobeiras e quanto somos fracos em sermos humanos, humanos-espectros, que seja.

Vejo-o olhar para traz em propósito de algo, busco observar o que passava em seu campo visual, encontro o que mais esperava encontrar, de fato, a mais exuberante loura que já vi passar, olhos morenos e sedentos de algo que não pude atender, altura ideal para seu corpo aparentemente modelado por deuses, anjos, orixás, budas, incógnitos religiosos de suas diversas origens, crêem que sua face fora produzida por, Afrodite a deusa do amor. Desde então vejo-a como um dogma divino, um astro espacial raramente visto por homens, reflexos intermináveis de amor vindos dos olhos de sua amada,a própria antiga garota de Ipanema em Osasco.

Vejo-a subir as rampas acompanhada de uma trupe de moças que se destacavam, dentre elas essa tal loura que até então eu não sabia o nome, era a que mais se destacava. Quando menos percebia essa dádiva de outro planeta entrava em minha sala. Devassos e depravados homens que pouco a pouco lotavam minha sala em busca da chance de ter um contato visual por mais mínimo que seja com essa tal proeza.
Vejo minhas amigas em bando conversando com o eu-sem-mim, meu espectro é carregado a mim quando a menor delas me abraça e diz: Que saudade de você, Pretinho!
Volto a ser um só, volto a ser feliz.

Percebo que já tinha o que precisava.

23 de janeiro de 2009

O cego e o observador

Que tolo fui eu que em vão tentei raciocinar
Nas coisas do amor que ninguém pode explicar


Ausente de qualquer tipo de inspiração, sinto-me na obrigação de escrever, sobre qualquer assunto que seja.
No caminho de volta para casa. Vejo pessoas sorrindo, vejo pessoas em prantos, vejo um farol. Pessoas encenando suas conversas, pessoas acenando de dentro para fora e de fora para dentro, pessoas interessadas, desinteressadas, olhares que já não mais brilham, olhares que oscilam entre o claro e o escuro, que sentem em si toda a revolta de um país aonde ladrões andam fardados e trombadinhas concorrem no senado. Vejo uma tia correspondendo ao papel materno de uma criança, vejo a falta de amor que pessoas vêem em outras pessoas , falta de amor essa que me deixou sem inspiração para escrever esse texto.
Errei em antes de olhar para fora, não olhar para mim, talvez, acerto só em saber que nos olhos de qualquer pessoa que um dia passe a amar, refletira o seu amor, refletira o teu carinho, qualquer contexto é comum para pessoas que amam pessoas, para pessoas que observam pessoas, e sentem amor por pessoas que, talvez, um dia você magoe.

Acenda para mim luz do fim do túnel
Acenda para que eu possa enxergar,
Minha alma anda escura e deserta
Enquanto a dela guarda o céu e o mar.


Lua de cera, lua singela, lua feiticeira onde está... ela?”

22 de janeiro de 2009

Há um vazio cheio de fel



E de uma hora pra outra do riso fez-se o pranto. Fora de mim e fora de si, sinto tua respiração, é o meu consolo do aborto do amor. Olho para a direita e vejo tua mão, olho para a esquerda outra mão, olho para frente tua face, você me envolve. Teus olhos morenos me perseguem, o raio de Sol que ofusca em memória de uma mente que acaba de se romper, em prantos se esvaece.

Desejo o que há de melhor que não houve em mim, o que um dia julguei ser o necessário. Que o derradeiro consolo é o que escrevo e não o que falo.
Já sei o que será de mim amanhã. Não será.

Gelado. Sinto-me tão, vago...

Ao declínio da eterna aurora



Entre a pele e a madeira sempre haverá o amor, entre a aurora e o crepúsculo, a distância os separa. Amor aquele que sem fim não rompe o filamento, em um silencio aurífero desperta o mais sonolento coração, coração esse que um dia amou. Coração esse que um dia prometeu amar. Coração mentiroso.

Coração que em sua derradeira tentativa falhou, e que foi fiel até o fim. Coração que não mentiu, enganou, não foi vago, e que sim foi raptado e conduzido a fazer o que é certo, certo pela perspectiva pagã. Sempre haverá um resquício de amor.
Não sei o que será de mim amanhã
Palmas pro meu coração.

Ele não merece suas palmas...

21 de janeiro de 2009

Não fale assim com ele...


“Todo dia eu só penso em poder parar, Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar e me calo com a boca de feijão.”

Ainda é cedo, acordei hoje exatamente o mesmo horário que acordei ontem, como de costume fui direto para o banheiro, nessa coincidência toda fui para a cozinha como ontem. Lá encontrei motivação para esse texto, a página da música: “Cotidiano”, estava em aparência e me levou a pensar.

Cotidiano é uma palavra que me lembra tédio, tédio que me leva a cantar a escrever a tocar a viver, minha vida acontece praticamente toda sobre absoluto marasmo, me julgam inconsequente quando fujo do padrão, como jovens punks que refletem toda a amargura de uma família que não soube educá-los, ou que são punks simplesmente porque querem brigar feito uma trupe de chimpanzés que não aceitam outro apenas por não aceitarem, ou por verem em seu jeito algo que os difere e que os faz se sentir melhor do que o tal. Talvez por isso que esse chimpanzé rejeitado não busca mais um grupo que lhe aceite e sim vive sozinho, proponente de seu ato que por fim não foi aceito. Esse seria o desfecho para um fim de uma vida de macaco, vida efêmera e propicia a ser subjugada por criaturas de sua mesma espécie.

Então, não seja assim com o macaco (menino) ...

20 de janeiro de 2009

Verdadeira face da dor


Empolgado com o novo blog, decido escrever mais um texto.
Enquanto tomava banho a dor me dominou, por ter acidentalmente batido o dedinho contra a porta, ocultei minha dor em um gemido silencioso, gemido esse, que aliviou boa parte da dor, por ter transportado essa dor para a garganta. Garganta essa que me forjou tosse para o dia todo.

Vago de qualquer boa saúde consisti em parar de reclamações ou me juntaria à tropa de velhos rabugentos que gemem sem motivo e tossem por costume e vício, com seus pulmões em estado terminal, fato causado pelo fumo que costumavam mascar e fumar, se é que mascar fumo fazia mal. Talvez esses velhos já estejam cansados de ocultar a dor como ocultei, por isso reclamam o dia todo.

Reclamam e só pensam em si próprios, esquecem de todo o mundo ao seu redor e mesmo estando em situação terminal, julgam ser donos de seus próprios narizes.

Mesmo com muito tempo de vida ainda não aprenderam que a maior dor está naqueles que menos viveram.

Chega de Saudade



Em minha última noite de sono, acordo, maldita insônia. Abro meus olhos com certa dificuldade e meus dentes estão rangendo. Após alguns minutos tentando criar coragem para levantar, levanto, o quarto estava um breu, tropeço no ventilador de chão, que se encontra desligado.

Voltando para o quarto noto que deixei a porta pouco aberta e as cores da televisão refletiam sobre a parede branca criando uma sequência de cores sem fim. Por um tempo aquilo me levou a pensar, tempo que perdi, refletia sobre a vida que a pouco vinha mudando completamente, como de costume acabo pensando em amor trazendo em mente a palavra saudade. Pensando no assunto.

"Saudade é uma guerra que acontece entre o amor e a esperança. Esperança é a guerra entre a espera e o amor. E amor em nada se difere da paz."

Após criar minhas próprias órbitas de pensamento, me sobra o marasmo, incrédulo de que conseguiria dormir novamente, ouço um ronco junto a um ruído, intrigado com o ruído busco saber o que é, fico aflito até descobrir que o ruído vem do nariz do meu irmão, que por sinal estava entupido.

Despropositalmente acabo me encontrando com o sono que, por sinal, vem de repente. Mesmo a beira de uma atrocidade que teria acontecido com...

Vejo uma luz brilhando no quarto e ouço um som com perspectiva espacial, que susto, era apenas o despertador do celular.

Volto a dormir