28 de abril de 2009

O nítido prazer de gostar de ti.





Eu gosto da noite pelo simples fato de ser noite, ser escura em sua angústia e amarga em seu sombrio, deserta em suas ruas, quente em seus desejos. Gosto também de viver à toa, para exibir-me em preguiça e viver através de impulsos. Gosto do que é estranho, pois, sou tal, do que se faz diferente, por ser incomum em seus gestos e indiferente aos diferentes. Gosto de pairar no mundo e sentir o cheiro das plantas, elas me acalmam e suprem a falta da natureza. Gosto além dos outros gêneros, o jazz, que me falta em noite e me carrega ao dia, que livra-nos de tudo que não é expressivo e expressa sobre todos, o sentimento. Gosto do caminho da volta, um caminho tão cheio de saudades e de alegrias, um caminho em relação ao Sol. Gosto dos perigos desta vida, que dilaceram o bom senso e resultam em um voraz lamento sem arrependimentos.

Gosto da mulher, de todas em geral, gosto daquelas que são feitas de amor, um amor que as torna sempre charmosas, vaidosas, vivas e reluzentes. Eu gosto da mulher que me faz homem, a mulher que me faz feliz que me faz completo. Eu gosto de viver um grande amor, gosto de usá-lo para criar poesias e prosas, crio-o sobre a paixão e a paixão sobre saudade e é a saudade que me faz querer viver esse grande e velho amor.

Gosto dos elementos da natureza, que se completam, pois eles são a vida e são o acontecimento. Gosto de ser errante, impulsivo, insano, persistente, desatento, pontual, penoso e eterno. Vivo a ilusão de um poeta, que busca fontes em um “Jardim noturno”, como ele busca algo, eu busco nas poesias o meu lamento. “O cinema de meus olhos” conta a história de um jovem que vivia a eterna esperança de viver nos braços da amada, perdoá-la e vive-la em cada espaço vão, de um jovem que gostava de gostar e amava além de tudo que gostava o teu sorriso acanhado e cheio de mistérios.

23 de abril de 2009

Um pântano de saudade





E mesmo quando findarem os resquícios de minha esperança e se desfizerem as nódoas marcadas à ferro que teu calor esquentou, ainda serei teu eterno admirador, serei teu eterno doce, teu eterno amor. As lembranças não podem suprir o presente, que lhe falta e me mata, que é presente e ausente, que é triste e contente.

É noite: as folhas murchas sem o Sol e eu em face do meu maior desencanto, a Lua é a única que brilha, além dos vaga-lumes que transitam pelo local, meu revés é que estou sem meu violão para acalmar-me e me tirar da mente a desventura que é você. Eu sei que vou clamar a volta tua, vou chorar a ausência tua, lembrar da voz tua e sobrar a só.

Deitado à grama observo em meio a escuridão um galho, que acaba de nascer, largado pela paisagem, sozinho e desprotegido, é como o amor que é semeado como paixão, cresce o mínimo que seja até ser pisoteado por algo, se forte se refaz e continua a crescer até que um dia se torna uma bela árvore frutífera, ou amor, como quiser.

Mesmo que em prantos o nosso amor não desabroche novamente, não cresça e vire uma bela árvore, serás eternamente a primeira flor que nascera em meu campo, a mais cheirosa, chamativa, a mais viva entre todas.

17 de abril de 2009

Amar-te como nunca



Quem me dera ser seu Sol, brilhar em especial para uma entre bilhões, raiar o dia para poder vê-la uma vez mais. Quem me dera ser teu sonho, um sonho de amor, onde estamos em uma casa de campo com carneiros e cabras que pastam solenes pelo nosso jardim. Quem me dera ser a natureza, para poder observá-la enquanto sou observado por ti. Quem me dera ser tua paz, para acalmá-la e envolvê-la em tempos de guerra. Quem me dera ser teu ar, para que você dependa de mim, para poder vivê-la a cada segundo de seus complexos momentos, chamados vida. Quem me dera ser seu único, seu único e adorado amor, ser o silencio que há em seu deserto e o som que há em seu som, ser o sangue que corre desesperado em suas veias, ser o seu último abraço e últimas palavras de alento.
Não, não és somente sonho, és uma alma real que voa como a andorinha, és também a fome constante que há em meu trêmulo corpo humano. Seja também meu riso que em meus eternos momentos tristes tem sido meu único amigo, seja além de tudo as trevas que plantam a devastação em meu subúrbio inerte. Transborde alegria a mim uma vez mais, sua alegria inescrupulosa e completa que me traz paz, que me traz muita paz. Quem me dera tê-la uma vez mais.
Ouço o fim da primavera, alguém clama por mim.

16 de abril de 2009

Até o dia em que eu virar estrela


Um céu infestado de estrelas ilumina o meu jardim, como consolo aos corações despedaçados elas brilham sem cessar a memória de um morto, a brusca lembrança que invade a mente dos desvairados é como a noite que surge do claro e bloqueia a bondade que há no homem. Um Sol apagado, uma lua acesa, um pranto a correr junto ao orvalho que a escuridão nos trás é a conseqüencia da tristeza que veio da lembrança que nasceu da morte, que é o fim de quem vive, e é a vida que nos trás o pranto. O ciclo se repete até o dia que a lembrança serei eu, um dia que alguém derramará lágrimas de saudade e declamará poesias àquele que viveu, chorou, cantou, criou, morreu e não teve medo de se fazer estrela.

10 de abril de 2009

Diz de sim, vai?



Vamos voar amor, vamos voar para o infinito? Vamos dançar na chuva e cantar o luar? Vamos juntos desvendar nossas emoções que transitam nossos gestos? Vamos plantar uma árvore? Vamos viver as nossas manhãs sofridas que por poucos motivos tem sido tão alegres? Vamos adivinhar o motivo das manhãs serem alegres? Vamos dizer que o motivo da alegria das manhãs tem sido você, ou ficaria vergonhosa?

Vamos cantar juntos em um evento da escola? Vamos ensaiar na véspera e nada mais? Vamos tocar piano juntos? Vamos cair da cadeira para rirem de nós? Vamos procurar o consolo de nossos momentos tristes em nossas piadas e comparações inúteis? Deixa-me te admirar uma vez mais? Você é tão linda, sabia?

Sua singularidade pluraliza meus momentos felizes e sua voz é um veludo angelical. Morena sensata, sua face é tão lírica, tão álgida, sua beleza é tão aflita e consiste em me agonizar até o momento que acidentalmente lhe roubar os lábios para mim.

Vamos correr ao ar livre gritando desesperadamente sem motivo algum? Vamos aplaudir de pé a peça que fala de amor? Vamos dormir ao som de um samba? Vamos deixar o som do canto dos pássaros penetrar em nossos ouvidos enquanto deitamos na grama? Vamos dominar o mundo? Vamos fugir para bem longe juntos? Vamos deitar nas nuvens e contar as estrelas? Vamos observar as nuvens e dar formas a elas? Vamos viver felizes para sempre?
Case-se comigo?

8 de abril de 2009

Ausência



Enfim me livrei de sua triste face de encanto que por um bom tempo me deixou tão feliz e que nesse tempo sem ela, tem me alegrado tanto. E que apesar da saudade tocar forte em meu peito o poder do sorriso ainda pode encobrir o pranto.
Sinto-me contente.

Você encostará tua face em outras faces, buscará calor em outros corpos, acalentará outros corações, enquanto passearei sozinho pelo ermo e apesar da situação serei feliz, não tão feliz como antes, porém serei.
Sinto tristeza.

Até que um dia precisarei de luz, precisarei de calor, precisarei de vida, e você, meu Sol, não será mais meu. A tua presença é o jato de água que falta em minha seca miserável, é o brinquedo quebrado nas mãos de uma criança pobre. Percebo que fui eu quem criou esse poço sem fundo de infinitas mágoas, saudades, lamentos que apenas refletem a minha primeira ação. Quero apenas que floresça em mim uma vez mais, como a fé que tem os enfermos ao se deparar com a morte, como a morte ao se deparar com a vida e como a minha vida a se deparar com você. A saudade é meu lamento.
Ainda sinto as nódoas que tua ausência criou em meu ego.

6 de abril de 2009

Surpresas, deslizes



Noite vadia, aonde nós, amigos pescadores de prazer nos iludíamos por de trás das coisas erradas da vida.

Uma melancolia era lançada ao ar através de cada tragada de fumaça que nos rodeava de tontura e atordoava nosso labirinto junto a cada gole que me salgava o paladar e me obrigava a andar colado à parede, momentos que ao longo dos acontecimentos fazem-nos provocar a fúria de um dependente adormecido.

Enquanto sóbrios, as conversas fluíam sem sabor, sem amor, sem exageros, até que os últimos goles alegraram a loira que havia conhecido naquele mesmo dia. Ah, aquela loira, fora paixão a primeira troca de elogios, seus seios que cruzavam céus e suas curvas traseiras que refletiam todo o desejo de um jovem aprendiz do amor são inesquecíveis, os seus olhos que como um surdo em um túnel escuro infestado de morcegos e roedores anda bêbado caminhando em direção a perdição, verdes como a camuflagem de um exército sangrento e essenciais como a incerteza do vômito, lábios carnudos, atraentes e serenos como o azul e o branco do céu que se opõe a eterna escuridão que o espaço domina em seu interior.

Sua definição é não se definir, agora resumidamente: faltou-me compreensão.

2 de abril de 2009

Inútil paisagem



Sem seus admiradores aquelas eternas paisagens secam e desaparecem tornando-se um velho e fétido pântano.
- Ah, nobres admiradores, quanta falta fazem para minha velha paisagem - diz a mulher amada, e questiona a fuga de seus apreciadores.
A mulher amada é como a folha nova, que completa a árvore e forma a beleza que é o fruto. Nós somos a folha velha que serve para a árvore de adubo e para a folha nova se encher de si.

Desaparecem os amantes na neblina de uma nova paisagem, só que essa se fazia noturna.

Os olhos da primeira amada são como o Sol que misturado com a água brilha uma sequencia de belas cores, suas pernas como um nobre cisne que passeia na lagoa, calmo e sedutor, seus cabelos como as árvores que envolvem a lagoa e ao ritmo do vento dançam a canção de um poeta apaixonado. Seus lábios, ah, os seus lábios, são como o mel da colméia que está pendurado no topo da árvore mais alta desse bosque. E eu, sou o vento que é invisível aos olhos de todos, que colabora e não ganha nada em troca, que é necessário e as pessoas mal notam a diferença, que apesar de útil não tem beleza alguma, passo e repasso o tanto de vezes preciso e com um digno e infeliz esforço, vou-me, sem deixar saudade.