24 de novembro de 2009

Celeste

Eu morro: enquanto envelheço em saudade, morro.

Os dois, recebendo os raios da noite com os pés na areia do parque, colhendo os flocos da lua que se desfazia em forma de sereno. Anoiteço na pigmentação de teus cabelos, no ensejo de teus lábios. Um verso por movimento. - "Aquilo avermelhado é Marte, perdido entre a claridade das estrelas" - respondo com menos palavras. E o céu se mostrava atrás das árvores gigantes que rodeavam o ambiente. O balanço em nossa dianteira era como balançado pelo invisível e, carregado pelo vento, ainda dançava apesar de ninguém conduzir a valsa.

Respondia sonolenta a cada gracejo da natureza humana, até quando enfim nos aproximamos o necessário, quando o espaço entre dois se sujeitava ao contato e ao quente dos corpos recíprocos. Em silencio, teu amor inventou de repovoar meu coração, uma vez que as mãos calaram-se unidas e que as respirações uniram-se num coral ofegante de narinas. Já sentia o calor de sua nuca com a mão esquerda e o fim próximo da saudade dos teus lábios. E digo:

- O clima condiz, o ambiente condiz, o céu condiz, tua beleza condiz. De fato, tudo condiz em tua presença que condiz com tudo, exceto a amplidão de obstáculos que me atormenta. - A harmonia se desfaz em um quase mudo "boa noite", silenciosamente retribuído e cautelosamente desenrolado durante a quase ideal madrugada.


Só ao teu lado quero desbravar cada curva infinita do espaço sideral...

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