21 de setembro de 2009

Agora chove



Agora chove:
Pequenas gotas derretidas de gelo, caindo direto contra as folhas e a terra do quintal.

Agora chove:
O que ontem não choveu e anteontem deixou de sobra.
Ainda chove:
O rascunho do que o céu tem pra passar.
Chove fraco:
O cansaço do tormento frio que vem de cima.
Chove mais:
E mais, até que um dia pare de existir quem da a vida.
Chove vida:
Em doses precisas de água, de tédio, de inverno, de amor.
E mais nada além de chuva:
e chuva, e chuva, e chuva, e pouco do raro amanhecer do Sol.
Pois chove:
sem a permissão de ninguém, sem a gratidão de ninguém, sem que ninguém assista atencioso o espetáculo que há nas gotas da chuva, no brilho da chuva, no som da chuva, e na chuva, em seu total e explícito excesso de loucura.


Nenhum comentário:

Postar um comentário