16 de junho de 2009

Quintal do coração




Quem dera se a vida pudesse resumir a dor, seja lá a quantidade, apenas a resumisse. Das chacinas a células cancerosas , do choro a infinitas pedras no rim. Resumisse a dor como se resume a morte, em poucas palavras. Resumisse a dor como se resume o amor, em algumas lágrimas. E aí está a dor novamente, nas lágrimas.

Em cada lágrima derramada está o calor que viera da profunda treva do corpo, está nela além da treva, o céu de liberar a dor em gotas salgadas que transpassam a dor da face quando cruzam-na ligeiras logo após a saída dos olhos. Elas iluminam o rosto com seus túneis aquosos e dilaceram a tristeza em cada gota, em cada fase. Brilham de tão cheias que estão, carregadas de tanta saudade, infelicidade, ausência, depressão, perdas e esperança. Junto ao soluço que vem depressa, sufocando em forma de protesto, matando a quem já está morto e cheio de lágrimas para chorar.

A única certeza dos que choram é que após o choro vem a realidade, após o choro o mundo não pena suas lágrimas escorridas, de certa forma, em vão.
O choro é um belo jardim florido, apesar das circunstâncias. O mal rodeia esse jardim. O mal está no jardim.

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