9 de junho de 2009

Sobre o futuro



Uma estrada que não se finda nem quando finda o horizonte.

Descansar em braços que lhe entrelaçam a garganta, braços cansados e enrugados, braços banhados de meu próprio sangue, braços íntimos. Nos segundos finais é que a vida passa inteira em flashes, entreaberta e cheia de saudade, de baixo dos olhos da vítima: Um menino correndo com uma pipa colorida, um velho varrendo a rua, a imagem da mãe de costas lavando louça com um avental amarelo e bordado, o cachorro já sem vida sendo enterrado nos pés da maior árvore do quintal, o primeiro violão.

Agora mãos macias acariciam o corpo gelado e gemem de olhos fechados a tristeza de perder eternamente. As lágrimas que escapam das faces vão direto ao encontro do paletó velho que me acompanhará o resto da eternidade. Banham-me de flores, fotos simbólicas, retratos antigos, lagrimas e CDs. Sentem o que é a única certeza da vida.

A mão que apalpava o corpo agora o encaixota, em prantos e juras, desconsolo e descrença. Um feixe de luz penetra pelos vãos da cama dos que dormem sem esperança de acordar, as pálpebras mexem-se levemente e cansadas. A fé ainda brilha nos rostos do lado de fora, podia ver pelo feixe aberto, porém, já era tarde, sepultaram-me sem eu se quer ter morrido. Assim como as pessoas que não amam, porém elas mal percebem.

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