24 de julho de 2009

Valsemos




O som arrastado em tercinas soa lento, é a fiel valsa, companheira dos apaixonados. Os pares escolhidos à dedo posam para fotos, sorriem para diversos os lados e, agarrados um ao outro, dançam a música serena e romântica que as raízes do destino lançaram.

A valsa desabrocha, enche o espaço livre do salão com seu aroma em palavras, como um violino, dançamos dignos. Tudo que é lindo meu par transcreve em seus passos de anjo: a inspiração dos ventos, a lua que brilhava do lado de fora, as gaivotas que cortam o céu, as espumas do mar e o desejo que tive da valsa ser eterna. Dois pra lá, dois pra cá. O nosso assunto se desenrola a pouco e quando menos percebo estou vidrado em seus lábios que se movimentam enquanto fala, e em seus pés que entrelaçam o meu, em seu vestido longo enroscando no meu paletó, em seu tom de voz. E ouço de sua boca um sussurro que pede perdão por pisar meu pé, não liguei, os pés delicados de uma Cinderela não interferem com dor, apenas com a doçura de uma valsa concedida. Ah, nossa valsa concedida, bela valsa, tem a ternura de uma borboleta e a arrogância de um açougueiro, viaja com turbulência os corações e rostos novos, como o seu.

À pouco a dinâmica alta da valsa rareia e torna-se uma leve finalização. Enquanto o som da valsa é baixo conversamos feito dois tolos, o tom veludo de suas palavras penetra ligeiro em meu ouvido, porém, nada entendo, todo minha atenção torna para seus olhos emocionados e envolventes completando a valsa à esplêndida emoção. O fim da valsa vem com os violinos em nona e o piano leve, tecendo uma escala acidentada e repleta de vida. É o fim da dança e todos os pares espalham-se pelo salão, te espero em clara homenagem. Aquela valsa cessa. A nossa valsa, é eterna.

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