5 de maio de 2009

Escurece





O uivo do vento forte que gira no bosque, a estrada de terra que situa-se nos pés de nosso morro, o céu alaranjado do fim da tarde ocupado por um só pássaro que o cruza veloz, belo e pleno. Esse é o quadro da tarde que passamos juntos. Seu aroma transborda em desejo e as palavras agora são desnecessárias, abraço-a em silencio e limpo o barro de sua calça que fora descoberto logo que levantamos e paramos de dar nome as nuvens. Isso não passa de um desejo.

O vácuo de uma noite fria penetra o luar, o som dos cães latindo e das farras desvairadas agora é incômodo. A lua é sempre tão prata, oposto do Sol que se faz claro e brilhante, o alvejar de um casal é a noite, por ser sozinha e escura, livre de telespectadores. Toda a beleza que era a manhã se esvai junto a luz, que agora se tornou breu, os passarinhos que cantavam no topo de uma árvore agora são corujas que se esgoelam em cantorias desafinadas que qualquer perspicaz entende ser um desejo ruim.

A noite é o contexto do pretexto do dia, nela fica seus desejos, seu choro, seus lastimáveis versos de amor, além da saudade, que aperta forte quando a cabeça se põe ao travesseiro. Tudo é inverso, inclusive as juras de amor feitas ao decorrer do dia, a paisagem, a vida. A noite é o negativo do dia, nela, sou o negativo do amor.

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