26 de janeiro de 2009

fora de mim!


Sinto-me flutuante e desprevenido, invisível e incapaz de ser tocado por algo ou alguém. Levanto e não sinto meus pés tocarem ao chão, abro os olhos e vejo meu corpo estirado no colchão, fico em pânico e descrente do que está acontecendo, tento coçar os olhos, quando mal consigo tocar minha própria face. Vejo minha mãe saindo de seu quarto e vindo ao meu encontro, tento trocar palavras com ela, passo-me despercebido, vejo-a clamando pra que o eu-sem-mim que está esticado no colchão acorde. Para espanto e desespero meu, ele acorda,e acorda como eu acordaria, acho estranho, mesmo ele sendo eu. Persigo-o e o vejo tomar ônibus.

Incrédulo de que aquilo estava acontecendo, jurava estar sonhando, na realidade ansiava por estar sonhando, mais já sabia que não estava, ou, imaginava. Vejo-o chegando à escola, e vejo amigos que não via há um tempo, como queria estar naquele tal eu-sem-mim para abraçá-los e dizer como sentia falta. Impossibilitado disso, sou obrigado a simplesmente persegui-lo e ver se não faria nenhuma bobeira. Tempo que persegui a mim mesmo percebi o quanto cometemos bobeiras e quanto somos fracos em sermos humanos, humanos-espectros, que seja.

Vejo-o olhar para traz em propósito de algo, busco observar o que passava em seu campo visual, encontro o que mais esperava encontrar, de fato, a mais exuberante loura que já vi passar, olhos morenos e sedentos de algo que não pude atender, altura ideal para seu corpo aparentemente modelado por deuses, anjos, orixás, budas, incógnitos religiosos de suas diversas origens, crêem que sua face fora produzida por, Afrodite a deusa do amor. Desde então vejo-a como um dogma divino, um astro espacial raramente visto por homens, reflexos intermináveis de amor vindos dos olhos de sua amada,a própria antiga garota de Ipanema em Osasco.

Vejo-a subir as rampas acompanhada de uma trupe de moças que se destacavam, dentre elas essa tal loura que até então eu não sabia o nome, era a que mais se destacava. Quando menos percebia essa dádiva de outro planeta entrava em minha sala. Devassos e depravados homens que pouco a pouco lotavam minha sala em busca da chance de ter um contato visual por mais mínimo que seja com essa tal proeza.
Vejo minhas amigas em bando conversando com o eu-sem-mim, meu espectro é carregado a mim quando a menor delas me abraça e diz: Que saudade de você, Pretinho!
Volto a ser um só, volto a ser feliz.

Percebo que já tinha o que precisava.

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