24 de março de 2010

Quimera

Abriu-se um pequeno vão na janela do quarto trazendo um filete da luz do nascer do Sol para a escuridão daquele sono. E naquele sono sonhava mais que real:

Alguém pára enroscado com um joelho sobre minha coluna vertebral enquanto meu corpo senta inerte sem nada ver. Sei quem é, e não desejo que saia nunca, mesmo em sonho. Na fachada da casa era um clima a meia-luz, com sombras sem forma propagadas por toda a calçada e rua, que se fazia deserta num raio curto de dois ou alguns mais corpos. Canta de leve sobre meu ombro enquanto eu dormia novamente dentro do sono.
A cena se repete numa cadeia de sonho interminável, enquanto dormia sobre teu afago dentro do afago que já havia recebido algumas vezes. Quando evadi-me dessa sequência perpétua de carinho tive a curta oportunidade de olha-la no olhos. Olhei-a nos olhos enquanto já fitava os meus, e num curto silêncio selei com os lábios a era do sono.

Já não sonhava havia alguns olhares.


"Um desvão ao frio que emborca-se por completo, estirpe do nosso amor.
Ao bordejar do ébrio romance que me assombra de felicidade."

Um comentário:

  1. "Sei quem é, e não desejo que saia nunca, mesmo em sonho."

    Que texto intenso e lindo, nossa!
    Ah, os sonhos...

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