1 de março de 2010

perfume;

Uma gota de frio e o seu âmbar me persegue desenfreado pelas noites orvalhadas,
Um perfume que é como o seio de uma colina umedecida, iluminada pelo reflexo nas águas.
O verdadeiro ofício das narinas seria então esse, vive-la mesmo ausente,
Vive-la no vão das roupas que se envolveram, no pescoço que esquecera de largar,
Vive-la na lembrança dos aromas dos lugares e na terra que exala vida.
Não há nada então se em forte vento cheiras bem, pois não sentirei ardente
O doce aroma queimar-me a vida, não sentirei a planta que te habita espargir na voraz correnteza do vento.
Cheirá-la é como ver de perto raiar a primavera junto ao Sol de teus cabelos,
Como abraçar cometas ou desvendar mistérios, como perder-se no mundo sem te perder.
Tê-la é ser a sombra da aurora que vive enquanto o mundo vive, é sonhar além do sonho,
viver além da vida, beijar além dos lábios, ver além dos olhos, tocar além da carne.
Tê-la é sentir aromas que nem mesmo a natureza tem.


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